Desenhos no Olhar...

"Quem tem pressa chega tarde.  Quem chega cedo espera sozinho Mais vale chegar quando tiver que ser. " (Marta Arraias)

... Apeteceu-me escrever, apeteceu-me dizer que isto de parar o ritmo traz em si algo de bom (nem que seja por recuperar de uma mera gripe) porque me ajuda a perceber, mais uma vez, que a vida não é mesmo, nem pode ser, uma simples soma de dias nem uma corrida contra o tempo. A vida é para ter sentido, para ser desfrutada momento a momento e para deixar fluir... Ter presente em mim o que me move (o olhar, a escuta... as sementes que o Senhor vai deixando em mim...) e assim ir Renascendo em cada dia ao sabor desta 'Dança Infinita'. Não tenho que precipitar nada... não tenho que estabelecer medidas, não tenho que provar nada a ninguém nem estar à espera de nada dos outros e nem de mim própria... A Vida vai-me ensinando a viver na Paz e na Serenidade de quem está aqui agora e a qualquer momento deixa de estar...  Não esperar nada... Aceitar o que não tenho coragem de mudar, Confiar no Senhor, ser verdadeira e coerente na minha relação com os outros e viver na Surpresa de cada

'Redescobrir os sentidos, para que o caminho de Deus seja mais rico, mais possível, mais envolvente da totalidade que nós somos... ' (Tolentino Mendonça)

No Silêncio reencontro o Som que sempre soou sem que eu o ouvisse; aquele que ecoa dentro do útero da minha Alma como a voz da eternidade debruçada sobre o tempo.  No Silêncio não encontro o longe nem o perto, pois tudo é momento. Ali a vida se desfaz num acto criativo de puro Amor, permitindo que eu alcance as bordas do meu Espírito sem nunca lhe tocar, pois a sua pele está dentro e toca-me como um afago de mãe sobre o rosto sereno da criança que dorme.  No Silêncio todos falam uma única língua, sem dialectos nem alfabetos, e ali todo o conhecimento se dilui na presença do Amor cuja fragrância é a Liberdade.  No Silêncio eu sou sem máscaras, despido e despojado, igual a todos e em todos presente pela continuidade do único Som.  E quando um dia despertar nesse silêncio, vazio de todos os personagens, contemplarei o drama humano com um sorriso compassivo que tudo consumará como quem acorda de um sonho e agradece por estar VIVO.  (Pedro Elias)

 “Despertar é Reconhecer o Imutável e permanecer Aí.” (Mooji)

[ Os Ocidentais] nas divisões das casas, evitam os recantos o mais que podem, pintam de branco o tecto e as paredes que os rodeiam. Até no desenho dos jardins, onde nós arranjamos bosquezinhos sombrios, eles estendem amplos relvados planos. Qual poderá ser a origem de uma diferença de gostos tão radical? Pensando bem, é porque nós, Orientais , procuramos acomodar-nos aos limites que nos são impostos, que desde sempre nos satisfizemos com a nossa presente condição; consequentemente, não sentimos repulsa alguma pelo que é obscuro, resignamo-nos a ele como algo de inevitável: se a luz é fraca, pois que o seja! Mais, afundamo-nos com delícia nas trevas e descobrimos-lhe uma beleza própria. Junichirõ Tanizaki in Elogio da Sombra Relógio D'Água Trad. Margarida Gil Moreira

...Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas... São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia....  (Ruben Alves)

"Dai-me a casa vazia e simples onde a Luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa e nua do que é frugal. (...) Dai-me a claridade daquilo que é exactamente necessário. Que a vida seja limpa de todo o luxo e de todo o lixo." (OP,2015, Introdução de Maria Andersen Sousa Tavares, inédito)

"(...) Existe um olhar que acredita, que constrói, que é sensível. Que não busca confronto, mas surpresa. Um olhar inocente e sábio na sua inocência. De quem não tem medo..."  (Pe. António Valério) Gostaria de Olhar sempre Assim... ☀