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A mostrar mensagens de março, 2018

Convite...

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Vamos, ressuscitados, colher flores! Flores de giesta e tojo, oiro sem preço... Vamos áquele cabeço Engrinaldar a esperança! Temos a Primavera na lembrança; Temos calor no corpo entorpecido; Vamos! Depressa! A vida recomeça! A seiva acorda, nada está perdido! Miguel Torga S. Martinho de Anta, 2 de Abril de 1961.

Sepultura

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Sexta Feira da Paixão

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Sexta-feira da Paixão. Sobre este dia escreveu assim São João Crisóstomo: "Queres aprender outra coisa importante? O paraíso, fechado durante milhares de anos, foi-nos hoje aberto. Neste dia, a esta mesma hora, Deus fez entrar nele o ladrão. Hoje, antes de nós irmos para a pátria celeste, abriu as suas portas à natureza humana, porque disse: Hoje estarás comigo no Paraíso".  Que dizes? Estás crucificado, com cravos, e prometes o Paraíso? Sim, para que também aprendas o meu poder na cruz. Não entenderias o mistério da cruz se não aprendesses o poder do crucificado; faz na cruz este milagre que mostra o seu máximo poder. Não quando ressuscitou um morto, nem quando ordenou aos ventos e ao mar que se acalmassem, nem quando expulsou o demónio, mas quando estava cravado na cruz, injuriado, vexado e insultado, mas quando converteu a alma do ladrão, mais dura que uma pedra. E honrou-o dizendo: Hoje estarás comigo no Paraíso. Os querubins guardavam a entrada do Paraíso, mas Je

Sou e não sou...

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'Sou do cíclico. Sou da espera, do antecipar, do arrumar, engavetar, do projetar do futuro, do saborear o passado. Sou da distância, sobretudo se temporal, do repesar e do repensar, do refletir, do descobrir e decidir. Sou do diálogo entre o tudo e o nada, do fluir, do efémero, da fome de eternidade. Sou do hoje, do aqui, do agora, e do sonhar, do preparar, do anunciar. Sou da penumbra e da alvorada, da manhã que ainda não é manhã, da noite que ainda é dia. Sou do efémero, da areia que se escapa por entre os dedos, sou do tempo que passa e se torna passado, peso, âncora, raiz. Sou do deambular, do sempre novo, do descobrir, sou do reconhecimento do olhar, do antecipar, da certeza da espera. Sou da chuva num dia de sol, sou do reflexo do sol no chão que piso quando caminho no cinzento da manhã. Sou das gaivotas, das asas ao vento, da liberdade, sou dos elefantes, firmes e pesados, agarrados à terra, tendo como horizonte o lugar do último suspiro. Sou da verdade do "às vezes&

Enquanto espero o Sol...

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A ouvir...

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'Viver com isto presente...'

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Hoje, Domingo de Ramos, começa a semana santa, na qual se celebram os acontecimentos centrais da fé cristã, a morte e a ressurreição de Jesus. É um tempo particular e forte, que tenho sempre a sensação que não vivo com a intensidade que deveria viver... um tempo de uma interioridade grande e proximidade de um mistério que me diz muito mais do que posso imaginar. Acompanhar Jesus na dor, na entrega, na morte e na alegria da Vida é fazer uma viagem pelos meus espaços ausentes, onde não sou capaz de encontrar um rumo certo dos desejos que tenho de ser mais... Sinto-me longe disso e quase me assusta tocar a perfeição de Deus, sabendo que isso implica mudar muitas coisas em mim. Talvez o grande segredo seja um silencioso caminhar através de incompreensões, solidões e derrotas. Aquelas que assombram o nosso presente e o nosso futuro. Viver com isto presente faz tocar a terra na sua dureza e na sua beleza. Mas assim a Vida tem capacidade de ser verdadeiramente transformadora, sem

'Ser Conhecida por Deus'...(o que me basta)

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O silêncio é mansidão quando não respondes às ofensas e deixas a Deus a tua defesa. O silêncio é paciência quando sofres sem te lamentares, não procuras consolações humanas, esperas que a semente germine. O silêncio é humildade quando calas para deixar emergir os irmãos e deixas aos outros a glória do feito. O silêncio é fé quando não procuras compreensão e renuncias à glória pessoal porque te basta ser conhecido por Deus. Assim escrevia em 1581 S. João da Cruz, grande místico e escritor espanhol. O seu canto do silêncio conjuga-se bem com a "mística" que - como na palavra "mistério" - tem na raiz um verbo grego que significa "calar". Não é preciso acrescentar muito sobre este tema, tão marginalizado no tempo em que vivemos, marcado por um excesso de falatório, rumor e fatuidade exterior. Gostaria, em vez disso, de colocar o acento nas "cores" do silêncio que o santo consegue fazer brilhar. Há, antes de mais, a mansidão que emerge do calar a

Há Lugares que são pequenos abrigos...

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"Um Caminho de Palavras"

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Sem dizer fogo – vou para ele. Sem enunciar as pedras, sei que as piso – duramente, são pedras e não são ervas. O vento é fresco: sei que é vento, mas sabe-me a fresco ao mesmo tempo que a vento. Tudo o que eu sei, já lá está, mas não estão os meus passos e os meus braços. Por isso caminho, caminho porque há um intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo, caminho e descubro o meu caminho. Mas entre mim e os meus passos há um intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com as palavras de vento e de pedra, invento o vento e as pedras, caminho um caminho de palavras. Caminho um caminho de palavras (porque me deram o sol) e por esse caminho me ligo ao sol e pelo sol me ligo a mim E porque a noite não tem limites alargo o dia e faço-me dia e faço-me sol porque o sol existe Mas a noite existe e a palavra sabe-o. (António Ramos Rosa)

Confiança absoluta

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A nossa vida decorre, no geral, de forma bastante superficial. Poucas vezes nos atrevemos a entrarmos em nós mesmos. Produz-nos uma espécie de vertigem aproximar-nos da nossa interioridade. Quem é esse estranho que descubro dentro de mim, cheio de medos e interrogações, faminto de felicidade e farto de problemas, sempre em busca e sempre insatisfeito? Que postura adotar ao contemplar em nós essa mistura estranha de nobreza e miséria, de grandeza e pequenez, de finitude e infinitude? Entendermos o desconcerto de Santo Agostinho, que, questionado pela morte do seu melhor amigo, reflexiona sobre a sua vida: «Converti-me num grande enigma para mim mesmo». Há uma primeira postura possível. Chama-se resignação, e consiste em nos contentarmos com o que somos. Instalar-nos na nossa pequena vida de cada dia e aceitar a nossa finitude. Naturalmente, para isso temos de abafar qualquer rumor de transcendência. Fechar os olhos a qualquer sinal que nos convide a olhar para o infinito. Per

Entre o Mar e a Montanha... (Love)

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Se...

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Se eu pudesse trincar a terra toda  E sentir-lhe um paladar,  Seria mais feliz um momento …  Mas eu nem sempre quero ser feliz.  É preciso ser de vez em quando infeliz  Para se poder ser natural…  Nem tudo é dias de sol,  E a chuva, quando falta muito, pede-se.  Por isso tomo a infelicidade com a felicidade  Naturalmente, como quem não estranha  Que haja montanhas e planícies  E que haja rochedos e erva …  O que é preciso é ser-se natural e calmo  Na felicidade ou na infelicidade,  Sentir como quem olha,  Pensar como quem anda,  E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,  E que o poente é belo e é bela a noite que fica…  Assim é e assim seja …  (Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema XXI”)

Assim É e Assim Seja... (Alberto Caeiro)

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Vida(s)

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"Evadir-me, esquecer-me, regressar À frescura das coisas vegetais, Ao verde flutuante dos pinhais Percorridos de seivas virginais E ao grande vento límpido do mar." (Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Obra Poética I)

El río de la vida.

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Nunca estamos preparados para aquilo que esperamos

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'Há alturas na nossa vida em que nos sentimos quase como na altura da nossa morte' ... completamente sós. E pergunto-me - Será que tem que ser assim?

Olhar(es)

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Tornei-me amigo de um pintarroxo. Olhava para mim, de patitas solidamente plantadas num ramo de árvore. Um Deus trocista brilhava nos seus olhos e parecia dizer-me: "Porque passas a vida a tentar fazer coisas? Ela é tão boa quando vai passando, indiferente a razões, projetos e ideias." Não soube que responder-lhe. (Christian Bobin, Ressuscitar)

estou aqui

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Meu Deus, afastar-me de Ti é cair,  voltar para Ti é levantar-me, permanecer em Ti é construir em terreno firme.  Afastar-me de Ti é morrer, voltar para Ti é ressuscitar,  habitar em Ti é viver. Ninguém Te perde, sem ser enganado, ninguém Te procura, sem ser chamado,  ninguém Te encontra, sem ser purificado. Deixar-Te é perder-me, procurar-Te é amar-Te,  ver-Te é ter-Te. A fé leva-nos a Ti, a esperança conduz-nos a Ti,  o amor une-nos a Ti. (Santo Agostinho)

In Manus Tuas Pater - Taizé

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'E Deus aproximou-se para ver o que se passava' (C. Bobin)

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