Nascer do que se É...
É a grande questão da nossa Vida. Como
podemos encontrar a plenitude no nosso interior? Os grandes temas
existenciais não têm uma resposta óbvia, porque cada pessoa é uma
história e um conjunto de circunstâncias. Acontecem-nos diariamente
coisas que nos fazem repensar as nossas opções, momentos de confirmação e
outros em que as nossas certezas mais profundas ficam abaladas.
A plenitude interior é uma
questão de integração e unificação de todas as dimensões da nossa Vida.
Corremos o risco de dividirmos a existência em vários sectores. O que
mais nos desgasta é verificarmos que há campos na nossa Vida onde
conseguimos fazer progressos e outros que parece que não saímos do
mesmo. Ao mesmo tempo, vivemos muito dependentes dos fatores externos,
ou seja, o que acontece fora de nós, o que pensam e dizem de nós
condiciona-nos de tal maneira que fazemos determinadas opções só porque é
suposto, ou porque todos fazem assim, ou porque não faço mal a ninguém
se fizer determinada coisa.
O grande segredo está em
encontrarmos um espaço de verdade que seja o início e o fim da nossa
existência. Estou plenamente convencido que as coisas mais importantes
da vida se resumem a muito pouco. É uma espécie de luz interior que
ilumina tudo, que faz olhar para tudo o que sou e o que me acontece com o
olhar correto. Chega uma altura em que percebemos na nossa Vida que o
essencial é uma palavra só nossa, algo que não nos pode ser tirado e que
nos desafia constantemente.
Não há experiência mais profunda
no ser humano do que aquela de ser amado. Só o sentir-se amado
transforma, faz perdoar-me a mim mesmo, aceitar o que sou, querer ser o
que sou. As comparações e as utopias fazem-nos, muitas vezes, olhar na
direção errada. Se o desejo comanda a Vida, então que esse desejo seja
movido pelo amor a mim mesmo, com uma transparência e simplicidade que
me faça dizer sem complexos: esta é a minha perfeição. Uma conquista de
todos os dias, mas esta é a minha conquista.
O amor a si mesmo é tudo menos
egoísta, porque é uma visão realista das próprias falhas, mas sobretudo
um olhar simples e humilde sobre aquilo que sou. A humildade é
reconhecer a nossa bondade e ficarmos extremamente felizes por isso.
Mais uma vez, encontra-se no fundo desta dinâmica o amor, e o sentir-se
amado.
Para quem acredita, é um passo
fundamental dar este salto: acreditar que Deus me ama sempre, acredita
sempre em mim, não desiste. Ter alguém que sempre apoia o meu desejo de
perfeição é a base de todo o movimento em direção à plenitude.
Sentindo-se amado, e reconhecido
como se é, torna a pessoa mais autêntica no modo de estar perante o
mundo e os outros. Move-a o desejo de simplesmente ser, fazer crescer o
bem, ser radicalmente otimista, porque nada está perdido, mesmo que o
pareça. Deste modo, aquele que é amado ama como a expressão mais própria
da Vida. Tudo o que sente e faz se confronta com o desejo que a Vida e
os outros se sintam amados como eu me sinto amado.
Por ser tão simples este
caminho, é difícil percorrê-lo, porque pensamos que as coisas
importantes precisam de enciclopédias para serem explicadas. Quando
pensamos e classificamos demasiado, estamos a estragar tudo. Como quando
amamos alguém, não o conseguimos explicar, simplesmente é assim.
(amar-tesomente.blogspot.com)
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