(Re)aprender

O que me provoca espanto são, curiosamente, as coisas mais simples e pormenores que contêm em si algum toque de magia e de infinito... outras pessoas espantam-se com coisas completamente diferentes e também bonitas (ao seu jeito)  mas eu, desde que me lembro sou um pouco assim...

Hoje numa aula, onde estávamos a trabalhar a questão da construção da identidade/personalidade na fase da adolescência e todas as questões inerentes (desde afetivas, pessoais, psicológicas, sociais)... olhava para a receptividade dos miúdos ávidos de escutar...

Esteve também um grupo a apresentar um trabalho e no final, como sempre faço, pedi que cada um assinalasse o que para si foi significativo e em que é que esse trabalho interferiu no seu crescimento , na sua vida... as respostas são sempre muito interessantes e posso dizer que sempre aprendo... sempre me surpreendem... 
Hoje, um aluno, lindo na sua doçura, mais tímido e que notoriamente não queria expor-se, pediu (antecipadamente) para não lhe fazer essa pergunta, eu respeitei e ficou tudo bem, não o forcei a nada (até tendo em conta as suas características especiais ) no entanto, após terem terminado e eu ter feito a síntese da aula, este menino, espontâneo como é, pediu para falar e disse que o mais importante para si  foi a professora ter dito, numa aula, que o Abraço é a porta do coração a abrir-se... (confesso que nem me lembro mas ele lembrou-se tão bem e de forma tão natural).

Fiquei a pensar nisso... Que grandeza! 

Há mesmo pessoas que tornam os nossos dias mais bonitos e nos mostram que é é tão bom estar sensível ao espanto perante a simplicidade e humildade... pequenos gestos, pequenos olhares, poucas palavras mas grandes corações... Faz-me aprender e reaprender o espanto, como quem constrói um jardim.

"O puro amor a cada coisa
 O absoluto no ínfimo"
(A. Ramos Rosa)

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