Deus perto de nós
DEUS PERTO DE NÓS
Mas a fé vai mais longe ainda; penetra mais fundo no mistério da dor: descobre que sofrer não é uma realidade surda e hostil, uma sombra vã, como um fantasma; mas uma realidade, ao mesmo tempo dolorosa e carregada de esperança, como dar à luz uma vida; uma realidade rica em virtualidades salutares e redentoras. O sofrimento muda de aspecto desde que se reconhece que não é uma realidade sem nome, mas uma presença de Deus operando, em nós e no mundo, grandes coisas. A fé mostra-nos o vivo amor de Deus, sempre oculto no fundo da dor. Amor velado, sem dúvida, mas amor pessoal e directo.
Oh! Não é difícil crer que Deus nos ama, quando tudo corre à medida dos nossos desejos. Mas é preciso bem temperada fé, para não vacilar, quando a procela desaba sobre a nossa barca.
E, contudo, o amor de Deus é mais instante e envolvente do que nunca, nas horas de amargura. Compreendemos tão mal os assaltos desse Amor que nos confunde! Resistimos à acção duma Ternura que nos quebra, para melhor nos inundar com a sua graça. Duvidamos de Deus, porque não temos a fé bastante forte para O reconhecer, então, sob as aparências, muita vez desconcertantes, em que se esconde. «Nós cremos, Senhor, - exclamavam os apóstolos - mas ajudai a nossa incredulidade». Podíamos retomar para nós, a mesma confissão e o mesmo apelo.
Se pudesse, assim, o cristão compreender as proximidades de Deus, no sofrimento que martiriza, quantos socorros não levaria ele ao seu irmão desorientado pelas provações e mergulhado no desespero! Ele o consolaria e o fortaleceria. Vá até junto dele, mansamente, e diga-lhe, conforme a linda expressão dum escritor: «a aurora começa à meia-noite»; vá, segrede-lhe que Deus trabalha na sua alma dorida, e que decerto um dia compreenderá as maravilhas, que sem ele saber, se preparam no íntimo do seu coração.
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